sexta-feira, 9 de abril de 2010

A interpretação é pessoal ou coletiva?

Nada no mundo é visto da mesma maneira, por ninguém. Cada pessoa tem sua liberdade de interpretação, e pode adaptar aquilo que ouve,vê e vivencia, pelo ângulo que lher for mais agradável. Então como é que os jornalistas, aqueles que ainda tem a função de representar as necessidades da sociedade (por pouco tempo), tomam o direito de falar por sentimentos e desejos que são completamente individuais? Como é que o publicitário sabe o que é necessário ou não para a vida de cada pessoa nessa terra? Que a interpretação pessoal existe, não há dúvidas. Mas, talvez, exista uma interpretação coletiva, que aparece antes da pessoal, e faz com que aquilo que a sociedade "quer", seja adivinhado pela mídia.

Vamos analisar um grupo de 10 homens que está assistindo uma propaganda de cerveja. Bem conhecidos por todos, esses comercias sempre apelam para a sensualidade. É quase certo que surgirão 10 fantasias diferentes entre a imaginação dos homens. Mas é certo também que todas as fantasias serão com as mesmas mulheres que estão aparecendo na propaganda. Um grupo de meninas adolescentes que são fanáticas pela saga "Crespúsculo". Cada uma interpreta a história do seu jeito. No entanto, se no próximo filme a ser filmado as personagens principais não forem interpretadas por Robert Patinsson e Kristen Stewart, haverá uma rebelião mundial, sem sombra de dúvidas. Um casal que atira a filha pela janela torna-se inimigo número um do país, enquantos atrocidades muito piores acontecem diariamente mas não são focadas pela mídia e não recebem condenação nenhuma do público. Pode-se dizer, então, que a interpretação coletiva ainda é mais forte do que a interpretação pessoal.

Quando emissoras de TV, jornais, agências publicitárias, etc, traçam suas estratégias de crescimento, elas projetam artimanhas para conquistar o público. É impossível saber o que cada ser humano, especificamente quer. Mas elas têm noção do que esta em um consenso geral. Por isso suas campanhas estão sempre voltadas a promover pretensões futuras de inteligência, beleza, riqueza, dentre outras milhares de coisas que todas as pessoas querem. Até então, eles não estão entrando no campo da interpretação individual. Porque o fato de ser rico para fulano, não quer dizer que ele será uma pessoa igual a sicrano. Cada um faz o que quer com a riqueza que conseguiu. Mas a questão é que as mídias falam que se você quer ser rico, você precisa estudar em um lugar pré-determimado, você precisa investir seu dinheiro em um pré-detetrminado banco, você precisa morar em um pré-determinado bairro, você precisa ler tal jornal, você tem que votar em tal candidato. Começam a eliminar a sua capacidade de interpretação pessoal, e impõe o que eles acham melhor para a vida das pessoas.

Essa situação onde as pessoas não podem exercer suas próprias interpretações é complicada. Porque caso a sua interpretação seja diferente daquilo que é visto como normal e comum, você será com um peixe fora d'água. Infelizmente a mídia molda a sociedade, e mesmo que exista uma grande variedade de interpretações elas são limitadas a ficarem na mente das pessoas e de lá não saírem. Talvez, quem saiba, a Internet seja a salvadora do controle midiático. Pois nela as pessoas tem mais liberdade para se expressar do jeito que querem. Mas infelizmente, prevê-se um um futuro domínio midiático também no mais novo e eficiente meio de comunicação. A unica solução seria se as pessoas parassem de aceitar aquilo que lhes é imposto como sendo comum, e cada um viver com as próprias opiniões e visões sobre o mundo. Sem medo de sofrer preconceito. O mundo seria bem melhor, e com diversas oportunidades.

Gabriel S. de Servi RA: 1890417

2 comentários:

  1. Concordo. Isso me faz refletir bastante quando penso na profissão que escolhi. Acredito que a hora de um jornalismo puro chegou. Pode parecer pretensão, mas já que o ser humano está cada vez mais independente intelectualmente falando, o jornalismo precisa se livrar das amarras, dos moldes. Se os cidadãos só mudarão sua forma de pensar arcaica se o jornalismo mudar, então mudemos. Não, não penso em dominar a massa com o poder que terei, afinal, que poder terei se o público está começando se tornar independente? Penso que o jornalista deve se adequar ao meio, se outrora vivíamos numa época em que a população pensava sob o prisma dos meios de comunicação, cada vez mais, a população pensa independentemente do que o Jornal Nacional está pensando, por exemplo. Se é benéfico para a população deixar de imitar o astro da novela das 8, por que raios devo falar dele em meu jornal? Resumindo numa frase: Se isso ajuda o público a permanecer alienado, eu não publico. Se os meios de comunicação foram responsáveis por alienar o senso coletivo, eles também serão responsáveis por torná-lo crítico e independente, e isso deve começar o quanto antes. Utopia? Não!

    E vamo que vamo.

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  2. Será que o público quer ser independente para interpretar? Ensina Sartre que a liberdade exige a responsabilidade e o ato da reflexão. Por que nos á um público deixamos entorpecer pelas mídias?
    A internet fará o público mais livre?
    Gosto do post Stein.Jornalismo, no entanto, é uma atividade que servee para induzir a interpretações. Aliás, formar opinião talvez seja exatamente isto.

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