quarta-feira, 14 de abril de 2010

Espetáculo Amorfo

Para a grande maioria, não é novidade que eu diga: a Internet tem tudo. A Internet tem sexo, televisão, livros, música, escolas, comunidades, psicólogos, vírus, etc. Não é novidade quando digo que a Internet fatalmente acabará com os jornais impressos, cds, televisão, assim como pôs fim aos discos de vinil, fitas vhs, fitas cassetes, entre outros utensílios da vida moderna. Que, aliás, já está ultrapassada. Pretendo demonstrar com esta explanação introdutória que a internet é o meio que mais possui uma mensagem. Marshall Mcluhan já dizia, o meio é a mensagem. Está intrínseco no meio, na "media", o que a humanidade pensa ou vive.

Pela ordem cronológica, na era oral, obviamente, era valorizada a fala, o homem precisava estar presente para reproduzir seu pensamento. O homem necessitava compartilhar o conhecimento falando, era, literalmente, face a face. Na era escrita, a visão fora valorizada, se você sabia ler, o contato não era necessário. A leitura descrevia lugares nunca antes visitados por quem lia. Apenas o autor disseminava a sua visão do local. Criando a reprodutibilidade da escrita, o homem passa a reproduzir seu conhecimento, mas ao mesmo tempo corrobora para uma visão única de assuntos diversos.

Posteriormente a fotografia alimentava o consciente imagético da humanidade. Pouco depois o cinema era responsável por isso. Os meios representavam um mundo onde nem tudo era tangível, mas boa parte dele era acessível através dos livros, filmes, etc. Na era digital, na era moderna, na terceira onda (ou quarta?), tudo é acessível. Tudo. A internet derrubou todas as barreiras. O que isso diz sobre nós? O que esse meio (que unifica todos os meios) diz sobre nós? O que pensar de um local onde podemos ler Mcluhan, futricar a vida alheia de pessoas que já se foram, visitar o Louvre ou obter uma visão 360º de Paris?

A internet está presente para provar que a interação física não é importante? Não. A internet é uma grande falha, a internet é um grande passo para trás se visualizarmos tal meio analisando as relações humanas. É na internet que os pedófilos escondem o rosto. É na internet que anônimos de todo o mundo conversam sem nunca se conhecerem. É na internet que isolamos nações como a China e outros países sob censura. É na internet que clips como de Lady Gaga e Beyonce, com número abundante de informações a cada segundo, fazem sentido. É na internet que a vida ganha seu palco mais promíscuo, é aqui que o que importa, não importa, e o importante é exatamente o que não importa. Explico. Na rede as notícias mais valorizadas e lidas falam da vida de celebridades, ou anônimos famosos que, aliás, ganham seus quinze minutos de fama graças à internet. É nessa rede monstruosa e sem fim que as notícias que possuem ligação direta com nossa vida e a possibilidade de feitos extraordinários, como enviar e-mails mal-criados aos políticos corruptos, deveriam ser valorizados. Mas isso não acontece, o ser humano descobriu-se, o ser humano dança sob luz da web e recebe aplausos de seus iguais. Enquanto o site do Louvre está às moscas, o vídeo da Mulher Melância no Youtube explode de Views.

A internet não implica apenas malefícios, óbvio que uma ferramenta tão poderosa também possui suas qualidades. O grande problema e a grande questão é que, junto com todo o poder que traz benefícios reais à humanidade, como a democracia inflamada deflagrada pelos moradores de Burma em 2007 através da rede, a internet é um conteúdo sem lei. As mesmas músicas e filmes que nos vangloriamos de baixar gratuitamente através da rede, custaram muito para serem feitos e necessitam de um retorno financeiro para que continuem sendo produzidos. Daí o motivo que digo que a internet é um passo para trás.

Após séculos tentando manter a ordem e criando leis que, quase sempre, cooperaram para que o ser humano viva em harmonia, a internet derruba leis, dissemina o caos e a desordem, expõe a vida particular, entre outros danos.

Jornalistas, uni-vos! Nesse túnel gigantesco onde o que só interessa é a luz em seu fim, cabe a nós guiarmos a humanidade para tal, cabe a nós ensinarmos e tornarmos interessante o conteúdo passado, assim, o ser humano esquece um pouco do próprio espelho e começa a pensar globalmente.

Leonardo Araujo
RA 1890425

Um comentário:

  1. A internet acabará com o jornal ou com o jornalismo Léo?
    Quem transforma um ninguém em uma celebridade?
    Por favor, quero uma cópia deste texto em mei e-mail, OK?
    Posso não concordar com algumas passagens, mas você demonstra grande capacidade de reflexão. Parabéns.

    ResponderExcluir